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Entrevista em 02 de julho de 2009
O professor Geraldo de Margela Fernandes tem estudado o desenvolvimento industrial regional do Rio Grande do Norte e sua relação com o poder político do Estado desde que se graduou em Ciências Sociais, pela UFRN, no ano de 1975. Uma das suas primeiras pesquisas sobre o tema foi sua dissertação de mestrado, também em Ciências Sociais, pela Universidade Federal do Ceará, em 1977, que teve como objeto de estudo a modernização da indústria salineira do RN. No ano seguinte, após retornar para a UFRN, Geraldo se tornou docente do Departamento de Ciências Sociais, onde ocupou o cargo de chefe por cinco vezes ao longo da sua trajetória acadêmica. O professor foi, ainda, diretor do CCHLA durante quatro anos no início da década de 1990. Paralelo ao exercício das funções, ele publicou artigos sobre o relacionamento das oligarquias potiguares com o poder do Estado e como desenvolvimento industrial.
Geraldo acredita que, ao longo desses anos, seus trabalhos ajudaram as pessoas a compreender como e onde o poder político do Rio Grande do Norte é estruturado e a quem ele tem servido. Para o professor, as elites são frágeis e fracas, fatos comprovados pela necessidade que elas têm de deterem o comando político. “As elites econômicas e políticas são extremamente dependentes do Estado. Por mais que elas defendam um discurso ideológico de um Estado mínimo, elas continuam se aproveitando dele”, comenta.
Em seu doutorado, concluído em 2007, Geraldo estudou o desenvolvimento industrial do estado durante a década de 1990, tendo como base o projeto do Pólo Gás Sal. O professor lembra que, embora o governo tenha se esforçado significativamente para implantação do pólo, a concretização do projeto não foi possível. Como causas do fracasso ele cita a ausência de capital interno, a dependência de investimentos financeiros e tecnológicos de grupos internacionais, inconsistência de estratégias fiscais e a fragilidade da representação política local.
Para o próximo ano, Geraldo quer iniciar uma avaliação do desenvolvimento do Rio Grande do Norte na primeira década do século XXI. “É inegável que o estado evoluiu muito graças ao segmento de serviços e turismo, entretanto, até o momento, nós não tivemos um desenvolvimento industrial significativo no estado. Mas vamos analisar isso profundamente para vermos a quais conclusões podemos chegar”, declara o professor.