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Entrevista em 02 de setembro de 2007
Formada em Ciências Biológicas pela UFPE, a pernambucana Fabíola da Silva Albuquerque ainda na graduação se interessou pelo estudo de sagüis no ambiente natural. Após a conclusão da graduação, ingressou no mestrado (1992) em Psicobiologia, na UFRN. Ao iniciar o doutoramento, prestou concurso para universidade em 1996 e foi lotada no departa¬mento de Fisiologia, do qual é atualmente a vice-chefe. Já foi coordenadora do curso de Ciências Biológicas e participou da reforma curricular do curso. No seu mestrado, que tinha como objeto de estudo os filhotes de sagüi, pesquisou três grupos da espécie. Fabíola observou o cuidado parental para entender porque nessa espécie, que vive em grupo, todos participam dos cuidados com os filhotes. Em seguida, fez doutorado em Psicobiologia Experimental, na USP. Continuando na mesma temática, analisou a dinâmica da participação dos diferentes indivíduos no cuidado com os filhotes. A professora percebeu que o cuidado com os filhotes se dava ao acaso, mas controlado por fatores que são importantes para o animal. Entre estes fatores, estão a competição reprodutiva e a preocupação de não perder o filhote. Durante as pesquisas pôde observar situações como o infanticídio em que alguns animais matam os filhotes de outros. A professora conta que após 18 anos de estudos com os sagüis as lições ultrapassam o âmbito científico. Nessa perspectiva publicou a crônica intitulada ‘A dura e prazerosa tarefa da pesquisa com animais’ no qual conta a sua experiência de observações em campo. Buscando cumprir melhor o papel de docente passou a se interessar pela área biológica relacionada à área psicológica. Foi então que começou seus estudos sobre a memória. Para tanto, participa da base de pesquisa Psicologia dos Processos Cognitivos que congrega várias linhas de pes¬quisa entre elas a sua, que é memória dentro de condições patológicas ou manipulando contextos para codificação de memória em humanos. Em um outro projeto, trabalhou com listas de palavras fazendo testes repetitivos, no que se denomina de processo de aprendizagem, para uma semana depois verificar se o indivíduo se recorda das palavras estudadas. No momento do teste, eram feitas algumas interferências misturando as palavras da lista com outras. Os testes foram realizados com jovens univer¬sitários, com dois grupos de idosos, um do Hospital Universitário Onofre Lopes e outro da universidade da terceira idade, da UNP. Os grupos estudados apresentaram a mesma dificuldade quando as palavras foram misturadas, ou seja, a idade não influencia neste caso. Os testes tam¬bém permitiram verificar que existem situações (contextos) mais difíceis do que outros para formação da memória. Essa dificuldade varia de acordo com a interferência, que neste caso foi caracterizada pela mistura das palavras. Em continuidade a essa observação, as pesquisas agora buscam as situ¬ações que podem reverter um contexto difícil. A professora explica que esses são mecanismos experimentais, mas que pretendem entender que elementos podem auxiliar a memória em situações complexas. O primeiro elemento observado está sendo a emoção. Os testes também são feitos com listas de palavra, mas ao invés de ter apenas substantivos comuns, as listas englobam palavras tabus, os palavrões. Os testes estão sendo feitos com jovens de 18 a 25 anos, um grupo intermediário de 40 a 55 anos e idosos. Desde o ano passado, também iniciou uma nova pesquisa, mas envol¬vendo a memória das crianças portadoras da síndrome de Down. Esse estudo investiga o papel da escolaridade sobre a memória de curto prazo de pessoas portadoras da síndrome de Down, comparando aquelas que freqüentam ou freqüentaram escolas regulares com aquelas que freqüentam ou freqüentaram escolas especiais. Dentro dessas observações foi possível observar que as que freqüentam ou freqüentaram escolas regulares têm um maior estímulo de desenvolvimento da memória. No momento Fabíola Albuquerque está organizando uma palestra de Alan Baddeley, especialista em memória operacional, que propôs um modelo teórico para compreender esse sistema.